No início de agosto de 2025, foi iniciado um estágio de Odontologia Hospitalar no Hospital Infantil Darcy Vargas. Pela primeira vez, alunos de graduação e pós-graduação são levados juntos para um estágio vivencial em um hospital de referência da rede pública do Estado de São Paulo.
Coordenados e acompanhados pela Profa. Dra. Karem López Ortega, Vice-Coordenadora do Centro de Atendimento a Pacientes Especiais (CAPE) da FOUSP, as visitas ao hospital têm sido realizadas pela manhã das terças e quartas-feiras. São levados seis alunos de graduação, que atendem em duplas, e três pós-graduandos por período para acompanhá-los diretamente, visto que já são familiarizados com o âmbito da Odontologia Hospitalar.
Ao final dos atendimentos, é realizada uma reunião para discutir os casos do dia, abordando como foram as consultas, o que puderam vivenciar, o que aprenderam, entre outras experiências. Nessas conversas, observa-se a diferença entre uma clínica odontológica convencional para os casos que chegam ao hospital, que infelizmente costumam vir acompanhados de pacientes com doenças genéticas, crônicas, malformações, síndromes, dentre outras condições. Dessa forma, os alunos vivenciam na prática a necessidade de uma abordagem, manejo e atendimento muito mais específicos e orientados.
A Profa. Dra. Karem Ortega comenta ainda que apesar do estágio ser em ambulatório, a equipe recebeu como opção um convite para participar do centro cirúrgico do hospital. Além disso, a ideia é que mais adiante, possam também realizar atendimentos em pacientes internados, na UTI e nas enfermarias.
Apesar de ter iniciado no segundo semestre de 2025, a burocracia para a realização do estágio tem sido resolvida desde o início do ano, com auxílio da Profa. Dra. Simone Rennó Junqueira, do Departamento de Odontologia Social. A Diretoria da FOUSP recebeu um contato do Hospital Darcy Vargas em busca da possibilidade de firmar um estágio com os alunos. Dessa forma, a Profa. Dra. Simone Junqueira, participante da comissão de estágios, foi acionada para tentar viabilizar essa oportunidade. Inicialmente, ela conta que realizou uma visita ao hospital para conversar com o diretor e a responsável pelos estágios, de forma a alinhar e combinar a futura parceria.
“Nossa perspectiva é firmar convênios com serviço público, não só na atenção primária, embora ela seja prioritária por ser em maior quantidade e conseguir englobar mais alunos, mas também para que os alunos tenham experiência em outros níveis de atenção”, explica a docente acerca dos objetivos com o possível convênio. A partir disso, foram estabelecidas com os responsáveis as competências gerais e específicas que deveriam ser estimuladas nos alunos durante o estágio, seguindo as exigências do plano de estágios da FOUSP. Concluindo que o Hospital teria condições de proporcionar todas as questões necessárias e receber os alunos, foi realizada a firmação do convênio com a Secretaria estadual de saúde e todo o suporte foi proporcionado pela Diretoria da Faculdade.
No entanto, todo esse processo só se deu por concluído próximo ao fim do primeiro semestre de 2025, deixando pouco tempo para que tudo fosse organizado. Por conta disso, a Profa. Dra. Karem explica que não haveria tempo suficiente para a realização de um processo seletivo para escolha dos alunos, recorrendo aos seus próprios alunos de pós, que já possuem experiência na área, e às Presidentes das Ligas Acadêmicas de Odontologia Hospitalar e de Pacientes com Necessidades Especiais, que também já possuem maior envolvimento com o assunto.
Dessa forma, alguns alunos foram selecionados para participar, e desde então, afirmam que têm aprendido muito com a experiência, além de poderem vivenciar algo inédito nos estágios da FOUSP. Para explicar um pouco mais sobre essa oportunidade, a aluna da graduação Rebeca Gutierrez conta um pouco de seus dias de estágio: “A experiência de estagiar em um hospital de grande porte, que engloba múltiplas equipes e atende diferentes perfis de crianças, está sendo incrível! Fiquei ansiosa ao saber que este é o primeiro estágio em que nossa faculdade firma um contrato estadual com um hospital de referência no atendimento a pacientes pediátricos, com ou sem comorbidades sistêmicas. Estou tendo a oportunidade de atender vários pacientes e aprender, cada vez mais, o manejo individual com cada um, considerando idade, etnia, comorbidades…Também estou conhecendo uma realidade diferente, que muitas vezes a experiência e a autonomia adquiridas apenas dentro da faculdade não conseguem proporcionar. Descobri que transformar o consultório em um ambiente seguro e acolhedor é essencial, e que escutar uma criança vai muito além das palavras: é perceber o que ela comunica com os olhos, com o corpo e até com o silêncio. E, claro, tudo isso também tem me ajudado a desenvolver a tão temida, mas necessária, autonomia.”.
Texto: Marina Timbó Colmanette



