Em 2025, foi iniciado na FOUSP um projeto de Estudo de Coorte, coordenado pelo Vice Diretor, Prof. Dr. Giuseppe Alexandre Romito, com participação de diversos outros docentes: Ana Estela Haddad, Claudio Mendes Pannuti, Cristina Cunha Villar, Daniela Prócida Raggio, Edgard Michel Crosato, Emily Freitas da Silva, Fausto Medeiros Mendes, Fernanda Campos de Almeida Carrer, João Batista César Neto, Karem López Ortega, Luciana Corrêa, Luciana Saraiva, Marcelo José Strazzeri Bonëcker, Marcelo de Gusmao Paraiso Cavalcanti, Maria Cristina Zindel Deboni, Maria Gabriela Haye Biazevic, Mariana Minatel Braga, Marina Helena Cury Gallottini, Marinella Holzhausen Caldeira, Marília Trierveiler Martins, Newton Sesma e Paulo Henrique Braz da Silva.
“A ideia surgiu a partir da necessidade de formular uma ação integrativa, que conseguisse abranger a maioria dos docentes que fazem parte do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas. Assim, é possível gerar dados para que pesquisas sejam publicadas nesse formato de projeto de integração. E também, o fato do Programa apresentar esse plano institucional, possibilita uma condição melhor de concorrer em certos editais, visto que alguns tendem a priorizar estudos maiores como esse”, explicou o coordenador do Estudo de Coorte, Prof. Dr. Giuseppe Alexandre Romito.
Esse tipo de estudo é caracterizado por ser prospectivo e acompanhar um grupo de pessoas por um determinado período de tempo. Nesse caso, tal metodologia é empregada para verificar a relação entre diversas condições bucais e a qualidade de vida dos participantes. Dessa forma, a meta é acompanhar a saúde bucal de estudantes de graduação e pós-graduação da USP de forma a entender seu impacto no rendimento e frequência acadêmica.
Nesse contexto, a grande gama de professores envolvidos possibilita que variados problemas da cavidade bucal possam ser investigados, como cárie, retração gengival, abrasão gengival, doença periodontal, terceiro molar impactado, lesões bucais, prótese, implante, oclusão, disfunção temporomandibular, dentre outros que afetam mais comumente a idade jovem. Com isso, o voluntário é atendido de uma forma geral buscando avaliar todos esses aspectos, sendo que, caso alguma alteração seja encontrada, ele será encaminhado para tratamento e acompanhado periodicamente, de modo a avaliar o quanto essa condição influencia em sua qualidade acadêmica.
Esse projeto contribui para diversas possibilidades de estudo, além da correlação entre saúde e faculdade. Como outro foco, pode-se citar, por exemplo, a hipótese de que alunos do curso de odontologia tendem a ter menor incidência em problemas bucais do que participantes de outros cursos, visto que nossos estudantes praticam melhor a higiene bucal e possuem maior conhecimento na área. Além desse comparativo, também abre a possibilidade de estudar outras variáveis que possam estar associadas com os agravos bucais sem interferência do biofilme, visto que os alunos de odontologia tendem a ter um bom controle da higiene.
Ademais, cada docente utiliza do estudo para investigar possíveis desfechos relacionados com sua área de atuação ou associações com os outros agravos estudados. Por exemplo, o Prof. Dr. Cláudio Pannuti busca entender a associação entre o uso de cigarro eletrônico e todos os problemas bucais citados. Isso porque a maior parte da literatura a respeito desse assunto é baseada em adultos, que tendem a ser ex fumantes convencionais ou usuários duplo, dificultando a compreensão do quanto o cigarro eletrônico influiu na saúde. Já com esse estudo em jovens, entende-se que geralmente eles utilizam apenas o eletrônico, facilitando a associação, explica o professor.
Em relação a parte prática, o projeto ocorre às segundas-feiras com auxílio de alunos da graduação que fazem iniciação científica e da pós-graduação. O paciente é atendido por etapas, sendo que em cada uma é verificada uma condição específica, como avaliação de saúde periodontal e da saliva, presença de lesões de cárie, aplicação de questionário de qualidade de vida. Feito isso, o retorno será marcado para um ano depois, sendo o período completo de acompanhamento de aproximadamente 5 anos.
Apesar desse determinado tempo, a ideia é que conforme o projeto avance, o período de acompanhamento possa ser estendido e esse estudo possa se expandir para os outros programas de pós-graduação, e até mesmo, para a Faculdade como um todo. Por fim, questionado a respeito da coordenação de um projeto de tamanha dimensão, o Vice-Diretor respondeu o que tem sido necessário para tal feito: “Comprometimento, determinação e organização. Além da colaboração de todos, que tem sido muito efetiva”.
Texto: Marina Timbó Colmanette