publicado em Sampi

Rinaldi comemora a nomeação e conta à Folha da Região todo o processo para chegar ao posto, além de motivar aqueles que querem seguir os mesmos passosRinaldi comemora a nomeação e conta à Folha da Região todo o processo para chegar ao posto, além de motivar aqueles que querem seguir os mesmos passos

Em abril deste ano, Henrique Rinaldi, 30 anos, dentista graduado pela FOA (Faculdade de Odontologia de Araçatuba), com mestrado e doutorado em periodontia pela própria instituição, foi nomeado professor doutor pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. 

Ele também possui especialização em implantodontia e atua principalmente nas áreas de periodontia e implantodontia, com experiência na área de pesquisa com os dois temas.

Rinaldi comemora a nomeação e conta à Folha da Região/Sampi todo o processo para chegar ao posto, além de motivar aqueles que querem seguir os mesmos passos.

Começa contando que o concurso para ingresso como professor doutor na USP segue um criterioso e transparente processo de seleção, composto por quatro etapas principais. A primeira é uma prova teórica e eliminatória. Na sequência, os candidatos enfrentam uma prova prática, que consiste na execução de um procedimento. Posteriormente, ocorre a prova didática, onde cada candidato ministra uma aula expositiva de 40 a 60 minutos sobre um tema sorteado 24 horas antes. A fase final é a prova de arguição do memorial, na qual a banca é livre para fazer quaisquer perguntas que julgue relevantes. Ao final, a banca examinadora elabora uma ata detalhada ao término do processo, destacando os pontos fortes e limitações de cada prova feita pelos candidatos. 

“A preparação para as quatro etapas da seleção (prova teórica, prática, didática e de arguição do memorial) é de crucial importância, mas a formação do candidato vai além dessa preparação. É imprescindível construir um currículo sólido que contemple os pilares da docência universitária: ensino, pesquisa e extensão. Para aqueles que almejam essa trajetória, é fundamental ter um plano bem delineado desde o início da pós-graduação”, destaca.

Desde cedo, lembra que sua motivação para seguir a carreira acadêmica foi impulsionada pelo prazer de ensinar e pelo entusiasmo em fazer ciência. Para ele, as atividades representam um retorno valioso para a sociedade de tudo que foi investido em sua formação.

“Esse retorno se manifesta tanto na formação de profissionais capacitados e humanizados, que prestarão serviços de qualidade à população, quanto na produção de conhecimento científico que pode beneficiar a vida de muitos. O apoio incondicional da minha família e a orientação de grandes mentores, como os professores Juliano e Alvaro Bosco, sempre foram fundamentais para manter minha motivação ao longo dessa jornada.”

Experiência 

Desde que ingressou como professor, conta que a experiência superou todas as  expectativas. A interação diária com os alunos de graduação e pós-graduação e a oportunidade de desenvolver projetos de pesquisa em sua área de interesse têm confirmado a acertada escolha da carreira. “Além desses aspectos acadêmicos, a minha experiência na FOUSP é enriquecida pelo acolhimento, apoio e incentivo que recebo dos professores da disciplina de periodontia. A satisfação individual é grande, mas a realização completa advém do espírito de união e senso de grupo, algo que, baseado na minha vivência, é raro no meio acadêmico.”

Passagem pela FOA

Entre graduação, mestrado e doutorado, foram 14 anos dentro da FOA. E uma das marcas que a faculdade deixou ao dentista foi o encaminhamento para a ala de periodontia supervisionada pelo professor Juliano Milanezi. 

“Naquele momento, eu jamais poderia prever o impacto que ele teria em minha formação nem tampouco o grande amigo que estava ganhando. Durante minha trajetória na FOA, o professor Juliano, com muito êxito, proporcionou-me todas as experiências e oportunidades às quais um aluno pode ser exposto durante o período de sua formação acadêmica, tanto na graduação quanto na pós-graduação.”

Milanezi detém um papel de exemplo a ser seguido, segundo Rinaldi, pois reforça a cobrança diária sobre como quer ser lembrado por seus alunos. “Não posso deixar de mencionar grandes professores da disciplina Periodontia da FOA, como o professor Alvaro Bosco e a professora Maria José Hitomi Nagata, que sempre compartilharam seu vasto conhecimento e me apoiaram incondicionalmente. Além deles, outros nomes notáveis como os professores Edilson Ervolino e Francisley Souza, que desempenharam papéis fundamentais na minha formação dentro da universidade.” 

Exemplo 

Um dos profissionais que mais teve contato foi o professor Alvaro Bosco, que conheceu em uma aula que ele ministrou, já aposentado, para a disciplina de Oclusão durante a graduação. Naquela aula, a paixão e devoção à periodontia e à docência chamaram a atenção do hoje professor universitário.

Após ingressar nas clínicas da disciplina do professor Juliano na pós-graduação, ainda como aluno de graduação convidado, ficou extremamente satisfeito ao observar que o professor Alvaro, mesmo aposentado, continuava a compartilhar com entusiasmo seu vasto conhecimento em periodontia. “Com o decorrer dos anos, aproximei-me cada vez, tanto na clínica da Faculdade quanto em encontros cotidianos. Sinto-me verdadeiramente privilegiado por essa convivência, pois o aprendizado obtido com ele em Periodontia foi de um valor incalculável. No entanto, atrevo-me a afirmar que esse conhecimento é pequeno em comparação à grandeza moral e ao exemplo de integridade e benevolência que ele personifica.”

Desde que começou a participar de congressos e outras atividades fora de Araçatuba, confirmou que sua admiração por Bosco estava plenamente justificada. Em todas essas ocasiões, tanto colegas quanto profissionais de outras instituições ressaltavam suas qualidades como docente e periodontista, sem deixar de mencionar o exemplo humano que ele representa, detalha Rinaldi. 

“Esses encontros não apenas abriram muitas portas para mim, mas também consolidaram a percepção de como o professor é respeitado e admirado, tanto em âmbito nacional quanto internacional, por sua competência e pelo carinho de todos que já tiveram o privilégio de conviver com ele. O estreitamento da relação trouxe mais proximidade e convivência, transformando-o em um grande ouvinte, conselheiro e especialmente um incentivador da minha carreira. Hoje, é uma satisfação imensa contar com o apoio e a celebração dele em relação às minhas conquistas.”

À Folha da Região/Sampi, Alvaro Bosco também mostra empolgação ao falar do aluno prodígio. “Ele é uma pessoa fantástica. Conseguiu por puro mérito ingressar na USP com expressiva vantagem. Vale à pena enaltecer nosso aluno e por consequência nossa Faculdade, que a exemplo dele têm conseguido levar o nome de nossa FOA ao mais alto posto”, comemora.

Internacional 

Além de suas formações na FOA, ele tem doutorado na Universidade de Harvard em Boston, o chamado doutorado sanduíche, um programa de estágio de pesquisa no exterior durante o doutoramento.

Mediante a oportunidade de estar em Harvard através da rede de pesquisa financiada pelo programa CAPES-PrInt e coordenada pelo professor Francisley A. Souza, Rinaldi foi convencido e, em outubro de 2020, a proposta foi aprovada. 

Após um processo complicado para conseguir o visto de estudante durante a pandemia, embarcou para um ano em Harvard sob a supervisão do professor Fernando P.S. Semeghini Guastaldi.  Segundo ele, a jornada foi enriquecida pela colaboração com Henrique Hadad, então aluno de doutorado na FOA. Juntos, aprenderam a importância da confiança, apoio e dedicação dentro de um grupo de pesquisa.

“Acredito que a realidade de pesquisa que vivi no Massachussets General Hospital seja privilegiada, até dentro dos padrões dos Estados Unidos. Avancei muito não só do ponto de vista técnico, pelas metodologias que aprendi no laboratório, mas trabalhei com grandes pesquisadores, inclusive de áreas da medicina, que expandiram minha visão a respeito de pesquisa”, diz ele. “Nunca imaginei que expoentes da pesquisa em Periodontia e Medicina seriam tão acessíveis, apoiadores e humanos, afinal, até o momento, minhas experiências me mostravam algo diferente. Portanto, também agreguei um importante aprendizado a respeito de acesso e humildade no meio da pesquisa”, finaliza.