Dos 37 ministérios, seis serão coordenados por professores, ex-alunos ou especialistas que construíram parte de sua história na USP

  Publicado: 06/01/2023

No primeiro dia do ano, Luiz Inácio Lula da Silva assumiu seu terceiro mandato na Presidência da República e deu posse aos 37 ministros de governo que vão compor a nova Esplanada dos Ministérios. A lista com 26 homens e 11 mulheres, 10 autodeclarados negros ou pardos e uma indígena, conta com alguns uspianos de formação ou que passaram pela USP para estudos de pós-graduação, além de professores da Universidade.

“É uma grande satisfação constatar que muitos dos indicados para ocupar cargos importantes nos governos estadual e federal são uspianos, o que mostra o forte vínculo entre a Universidade e a sociedade brasileira. São profissionais que, durante sua formação acadêmica, além do conhecimento técnico obtido na USP e essencial para que exerçam suas atividades no governo, também estabeleceram um grande comprometimento com o desenvolvimento de políticas públicas de qualidade”, ressaltou o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, que reiterou o desejo da Universidade de contribuir para o aperfeiçoamento das condições de vida de todos os brasileiros.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também vai coordenar o Ministério da Indústria e Comércio no novo governo, fez especialização em acupuntura, em 2019, no Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP, quando deixou o governo do Estado para voltar a se dedicar à sua área de formação, anestesiologia.

Posse dos novos ministros em 1 de janeiro – Foto: Agência Brasil

Entre os demais ministros, três saíram dos bancos da Faculdade de Direito (FD) da USP, no Largo São Francisco: Fernando Haddad, do Ministério da Fazenda; Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União; e Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Os dois primeiros, depois da graduação, ainda seguiram na carreira acadêmica e atuaram na docência. Haddad fez mestrado em Economia, doutorado em Filosofia e é professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Carvalho obteve o doutorado na FD e é professor no Departamento de Direito Comercial na mesma faculdade. Teixeira fez a graduação e mestrado em Direito Constitucional na FD e ingressou logo cedo na atividade política até se tornar parlamentar.

O novo ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, fez a primeira graduação em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e depois ingressou na USP, na FFLCH, para também se formar em Filosofia. Escolheu a USP para dar continuidade aos estudos acadêmicos e fazer o doutorado e pós-doutorado em Filosofia e Teoria Geral do Direito na FD. 

Alexandre Padilha, que assumiu como ministro da Secretaria das Relações Institucionais, fez residência médica e pós-graduação lato sensu em infectologia pela Faculdade de Medicina (FM) da USP, chegando depois a atuar como coordenador do Núcleo de Medicina Tropical do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias e supervisor do ambulatório de Doenças dos Viajantes no Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo, ambos da FMUSP.

Secretarias em formação

Alguns uspianos também foram nomeados para as secretarias ministeriais, no chamado segundo escalão. As cerimônias de transmissão de cargo de cada pasta estão sendo realizadas desde o dia 2 de janeiro e os ministros estão aos poucos divulgando os nomes dos secretários escolhidos.

Vários nomes ligados à Universidade já foram anunciados. No Ministério da Fazenda, o secretário especial para a reforma tributária, Bernardo Appi, é formado em Economia pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP. Marcos Barbosa Pinto, secretário de Reformas Econômicas, é formado pela Faculdade de Direito da USP, com mestrado em Yale e doutorado também na USP. Outro que passou pela FD é Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal. Já Fernanda Santiago, assessora especial de Assuntos Jurídicos, é especialista em direito público e direito do Estado e mestranda em Direitos Humanos na FD.

No Ministério dos Direitos Humanos, a Secretaria Nacional ficou com Isadora Brandão Araújo da Silva, graduada em Direito, mestre e doutoranda em Direitos Humanos pela FD. A Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoas Idosa, no mesmo ministério, vai contar com a coordenação de Alexandre da Silva, que fez doutorado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

No Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad assumiu a Secretaria de Saúde Digital. Ela completou toda a sua formação acadêmica, graduação, mestrado e doutorado, na Faculdade de Odontologia (FO) da USP, onde também se tornou professora titular no Departamento de Ortodontia e Odontopediatria. O ministério também vai contar com Doralice Cruz como coordenadora Geral de Saúde Bucal. Ela fez mestrado e doutorado na Faculdade de Saúde Pública e também é especialista em revisão sistemática e metanálise pela Faculdade de Medicina.

No Ministério da Educação, a Secretaria de Regulação e Supervisão do Ensino Superior ficará com Helena Sampaio, graduada em ciências sociais, com mestrado em Antropologia Social e doutorado em Ciência Política pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). A Secretaria de Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão terá à frente Zara Figueiredo, doutora pela Faculdade de Educação (FE), na área de Estado, Sociedade e Educação. Para presidir a Fundação Joaquim Nabuco foi escolhida Márcia Ângela, que também fez doutorado na Faculdade de Educação da USP.

Outra uspiana, Laís Abramo vai coordenar a Secretaria Nacional de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Ela é socióloga, mestre e doutora em Sociologia pela FFLCH. 

No Ministério da Justiça, ex-alunos da Faculdade de Direito da USP vão assumir posições de destaque. Marivaldo Pereira foi indicado para a Secretaria de Acesso à Justiça, Marta Rodriguez de Assis Machado vai coordenar a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, e Estela Aranha a Coordenação da Assessoria Especial de Direitos Digitais.

A Controladoria-Geral da União vai contar com integrantes que também passaram pela Faculdade de Direito da USP, como Ariana Frances Carvalho de Souza, ouvidora-geral da União; e Ana Tulia de Macedo, secretária de Acesso à Informação.

Confira o perfil dos ministros do novo governo federal que fazem parte da história da USP:

Geraldo Alckmin

Vice-presidência e Ministério da Indústria e Comércio

Ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin foi um dos fundadores do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB) e construiu uma longa carreira política no Estado. Também foi vereador e prefeito de Pindamonhangaba, deputado estadual, deputado federal e vice-governador. 

Formado em medicina pela Universidade de Taubaté (Unitau), passou pela USP no momento em que se afastou temporariamente da política (2019-2021) para fazer uma especialização em acupuntura no Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP.

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O diálogo será da conciliação entre estado e setor privado que resultará a ampliação da integração do Brasil ao mundo”

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Geraldo Alckmin – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Fernando Haddad

Ministério da Fazenda

Professor de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Haddad é graduado em Direito pela Faculdade de Direito (FD), com mestrado em Economia pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) e doutorado em Filosofia pela FFLCH.

Haddad tem vasta experiência na administração pública. Foi subsecretário de Finanças do município de São Paulo (2001-2003), assessor Especial do Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão (2003-2004), secretário Executivo do Ministério da Educação (2004-2005), ministro da Educação (2005-2012). Também foi prefeito da cidade de São Paulo de 2013 a 2016.

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Os desafios são grandes e as oportunidades maiores ainda. Vamos fazer o Brasil crescer com responsabilidade e justiça social”

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Fernando Haddad – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Vinícius Marques de Carvalho

Controladoria-Geral da União

Professor de Direito Comercial da Faculdade de Direito (FD) da USP, Carvalho construiu toda a carreira acadêmica na FD, da graduação ao doutorado, além de obter o título de doutor em Direito Comparado pela Universidade Paris 1 Pantheon-Sorbonne, onde foi professor-visitante.

Marques de Carvalho teve ampla atuação na gestão pública, como especialista em políticas públicas e gestão governamental, de 2006 a 2016. Foi Secretário de Direito Econômico, entre 2011 e 2012, presidiu o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), de 2012 a 2016, e ocupou os cargos de Conselheiro do Cade e chefe de gabinete da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, entre outras funções. Também compôs a equipe de transição do novo governo, no grupo que cuidou da área de infraestrutura.

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Vamos resgatar a firme atuação da CGU na avaliação das políticas públicas, retomando a capacidade institucional do Estado de entregar serviços de melhor qualidade à população”

Vinícius Marques de Carvalho – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Luiz Paulo Teixeira Ferreira

Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar

Graduado em Direito e mestre em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito (FD) da USP, Paulo Teixeira entrou ainda jovem para a vida política até se tornar parlamentar: foi vereador e deputado estadual em São Paulo e atuou em quatro mandatos como deputado federal pelo Estado.

Exerceu os cargos de secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo (2001-2004), diretor-presidente da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab, 2003-2004) e participou de diversas comissões na Assembléia Legislativa, como a de Constituição de Justiça e de Cidadania, de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, da Comissão Nacional da Verdade, entre outras.

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Reiniciamos o desafio de erradicar a fome e dar condições mais dignas de vida ao povo que vive no campo. Queremos resgatar o papel do Estado brasileiro, que através deste e de outros ministérios, deve promover o acesso à terra”

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Luiz Paulo Teixeira Ferreira – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Silvio Almeida

Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

Doutor e pós-doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela FD (USP), Silvio Almeida é graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Filosofia pela FFLCH USP, além de mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie). É professor visitante da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e pesquisador da Universidade Duke (EUA).

Há mais de 20 anos, atua nas áreas do direito empresarial, do direito econômico e tributário e dos direitos humanos. Presidiu o Centro de Estudos Brasileiros do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), e também o Instituto Luiz Gama, organização de direitos humanos voltada à defesa jurídica das minorias e de causas populares. Foi o relator da comissão de juristas criada pela Câmara dos Deputados para propor o aperfeiçoamento da legislação de combate ao racismo estrutural e institucional no País. Integrou a equipe de transição do novo governo.

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Teremos um enorme trabalho pela frente, mas carrego a esperança de que será possível trazer dignidade ao povo brasileiro”

Silvio Almeida – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Alexandre Padilha

Secretaria das Relações Institucionais

Pós-graduado em Infectologia pela Faculdade de Medicina (FM) da USP e formado em Medicina pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Padilha construiu sua carreira na área de saúde a partir da atuação no Núcleo de Extensão em Medicina Tropical do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da USP. No comando do núcleo, desenvolveu protocolos de pesquisa em parceria com a Organização Mundial da Saúde. 

Foi supervisor técnico do ambulatório de Doenças dos Viajantes do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo e ingressou na gestão pública em diversos cargos. Foi ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff (2011-2016), responsável por programas como o Mais Médicos. Também foi secretário municipal de Saúde em São Paulo e eleito duas vezes deputado federal pelo Estado.

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Não queremos nem barbárie e nem insegurança econômica. Nós queremos crescimento econômico, redução da desigualdade e saúde das contas públicas”

Alexandre Padilha – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil