publicado em UOL, viva bem

Recomendação de uso do raspador de língua por profissionais de saúde tem crescido  - iStock
Recomendação de uso do raspador de língua por profissionais de saúde tem crescidoImagem: iStock

Bárbara Therrie

Colaboração para VivaBem

Seu uso remonta a centenas de anos na Índia; há registros de que os romanos também faziam a limpeza da língua desde o século 18 na Europa. A história apresenta raspadores feitos a mão em materiais como fibras de madeira flexíveis, metais, marfim, carapaça de tartarugas, ossos de baleia, madre pérola e, mais recentemente, plástico. No Ocidente, a recomendação do uso de raspadores de língua por profissionais de saúde tem crescido, mas qual a sua finalidade? Será que realmente funciona? Saiba mais a seguir….

O raspador de língua realmente funciona? A maioria desses dispositivos cumpre seu objetivo, mas o paciente deve ser orientado a como usá-los corretamente para não causar nenhum tipo de trauma sobre a superfície da língua. Para muitos autores, o raspador de língua pode ser incluído na rotina diária como mais um recurso para se manter a saúde bucal em dia juntamente com as demais recomendações de higiene.

Quais os tipos? Existe algum melhor ou mais eficaz? Os tipos variam entre plástico, cobre e aço inoxidável —alguns são mais ergonômicos e adaptáveis aos formatos das línguas. Há opções com ou sem cerdas. Não há dados de ensaios clínicos que provam a superioridade de algum tipo de raspador de língua, seja sobre seu material de fabricação ou formato. O dispositivo deve ser recomendado pelo cirurgião dentista, o qual indicará a melhor opção considerando as demandas de cada paciente.

Ele tira o mau hálito? O mau hálito é multifatorial, embora parte dos compostos sulfurosos voláteis (responsáveis pelo mau hálito) estejam presentes na comunidade bacteriana que se acumula sobre a língua, principalmente na região mais posterior. Sendo assim, o raspador de língua contribui com a remoção do biofilme, que é um dos principais causadores de mau hálito, mas não de forma isolada. Ele é utilizado em conjunto com escovas dentais macias, pasta com flúor, fio dental e enxaguantes, além da técnica correta de escovação.

Bárbara Therrie

Colaboração para VivaBem

18/03/2023 04h00

Ouvir artigo9 minutos

Seu uso remonta a centenas de anos na Índia; há registros de que os romanos também faziam a limpeza da língua desde o século 18 na Europa. A história apresenta raspadores feitos a mão em materiais como fibras de madeira flexíveis, metais, marfim, carapaça de tartarugas, ossos de baleia, madre pérola e, mais recentemente, plástico.

No Ocidente, a recomendação do uso de raspadores de língua por profissionais de saúde tem crescido, mas qual a sua finalidade? Será que realmente funciona? Saiba mais a seguir.

O que é e para que serve?

O raspador de língua é um dispositivo de higiene bucal desenhado e confeccionado para realizar a limpeza do dorso (superfície) da língua.

Ele facilita a remoção da saburra lingual (placa esbranquiçada e com textura pastosa), resíduos alimentares, células descamadas, muco da saliva e micro-organismos que ficam acumulados nesta região.

O raspador de língua realmente funciona?

A maioria desses dispositivos cumpre seu objetivo, mas o paciente deve ser orientado a como usá-los corretamente para não causar nenhum tipo de trauma sobre a superfície da língua.

Para muitos autores, o raspador de língua pode ser incluído na rotina diária como mais um recurso para se manter a saúde bucal em dia juntamente com as demais recomendações de higiene.

Quais os tipos? Existe algum melhor ou mais eficaz?

Os tipos variam entre plástico, cobre e aço inoxidável —alguns são mais ergonômicos e adaptáveis aos formatos das línguas. Há opções com ou sem cerdas.

Não há dados de ensaios clínicos que provam a superioridade de algum tipo de raspador de língua, seja sobre seu material de fabricação ou formato.

O dispositivo deve ser recomendado pelo cirurgião dentista, o qual indicará a melhor opção considerando as demandas de cada paciente.

Ele tira o mau hálito?

mau hálito é multifatorial, embora parte dos compostos sulfurosos voláteis (responsáveis pelo mau hálito) estejam presentes na comunidade bacteriana que se acumula sobre a língua, principalmente na região mais posterior.

Sendo assim, o raspador de língua contribui com a remoção do biofilme, que é um dos principais causadores de mau hálito, mas não de forma isolada.

Ele é utilizado em conjunto com escovas dentais macias, pasta com flúor, fio dental e enxaguantes, além da técnica correta de escovação.

Quais as vantagens?

  • Higieniza a língua de forma mais eficiente, ao mesmo tempo que protege o tecido, evitando machucados e danos.
  • Remove a saburra lingual.
  • Sua limpeza facilita a manutenção da saúde bucal e sistêmica dos indivíduos.
  • É fácil de ser utilizado e tem alta durabilidade.
  • Tem baixo custo.

Quais as desvantagens?

  • Quando utilizado de maneira incorreta, pode causar traumas físicos sobre a superfície da língua.
  • Algumas pessoas relatam desconforto ao higienizar a língua.
  • Seu uso não pode ser privilegiado sobre as outras técnicas de higienização bucal.

Raspadores de língua limpam melhor do que a escova de dente?

As evidências científicas sobre a superioridade dos raspadores línguas em relação as escovas de dentes são fracas, portanto, não é possível afirmar que elas sejam melhores que a limpeza com escova dental.

O que alguns estudos apontam é uma tendência de que os raspadores de língua podem remover a saburra lingual e os micro-organismos de maneira mais eficiente e profunda, além das bactérias que produzem os compostos sulfurosos voláteis e são responsáveis pelo mau hálito, doenças locais e ou sistêmicas.

FONTES: Maristela Lobo, periodontista, mestre em odontologia e doutora em clínica odontológica e membro da Câmara Técnica de Periodontia do CROSP (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo);

Celso Augusto Lemos, professor associado do Departamento de Estomatologia da FOUSP (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral).