A Odontologia evoluiu muito nos últimos anos com o desenvolvimento de materiais e equipamentos que chegam num momento muito importante da sociedade, permitindo uma previsibilidade e padronização de resultado, como consequência a diminuição da dificuldade de confecção, mudando muito os paradigmas de Técnicos de Prótese Dentária e Cirurgiões Dentistas.

Porém existe um mercado e uma faixa da população que ainda necessitarão de próteses mais simples e com menor custo fincanceiro e que resolvam seus problemas de ausências dentárias num arco (superior ou inferior), ainda podendo ser em ambos. É a prótese removível a responsável por resolver e recuperar uma saúde bucal, que por qualquer motivo, perdeu elementos dentais, desta forma esta prótese promoverá uma efetiva recuperação da eficiência mastigatória, reposicionamento das articulações, posição da língua e bochechas na cavidade oral, proporcionando assim um estado de saúde.

Desta forma, as possibilidades de decisão, sobre qual tipo de prótese ser indicada ao paciente cabe ao Cirurgião Dentista com suporte do Técnico de Prótese, seu parceiro no êxito dos tratamentos. Muita desinformação foi disseminada entre os diversos segmentos da profissão e muita discussão ainda deverá ser feita para chegarmos a um consenso.

Mas qual a diferença entre uma prótese convencional com estrutura metálica, dentes artificiais e uma base sobre o local das ausências dentárias, da prótese termoplástica que tem uma estrutura plástica, dentes artificiais e uma base sobre o local das ausências dentárias? Apenas a base principal: uma é metálica e outra e plástica.

Para o paciente, leigo nestas técnicas e materiais, o desejo sempre será o conforto e durabilidade, no entanto cabe ao Cirurgião Dentista a indicação precisa do tipo de reabilitação e material utilizar na boca de seu paciente.

Como num artigo anterior escrito pelo Prof. Bruno Costa do Departamento de Prótese, “Considerando o uso de uma prótese removível”, já estabelece as indicações da prótese removível convencional, este artigo busca esclarecer determinadas dúvidas a respeito das próteses termoplásticas.

Basicamente são dois materiais utilizados na confecção das próteses termoplásticas – Poliamida e Polipropileno – estes materiais são opções que cada laboratório de Prótese Dentária opta por ter o equipamento e o resultado deverá ser semelhante à prótese convencional.

Como costumo dizer o processo de aprendizado da confecção da prótese convencional em metal (CoCr) passa pelo aprendizado do que seja um eixo de inserção, dentes pilares, adequação dos dentes para receber os componentes da estrutura metálica e conhecer a região do rebordo residual, local onde estarão os dentes artificiais, tipo de resiliência que tem este tecido e ainda o modo de planejamento biomecânico que envolve o conhecimento de 5 pontos básicos:

  1. Apoios;
  2. Linhas de fulcro;
  3. Retenção;
  4. Retentor e
  5. Conector Maior.

Cada um destes fatores, traz por trás um conhecimento específico sobre a construção da prótese que associado com os fatores locais da boca de cada paciente definem o sucesso da terapêutica.

Desta forma, o Cirurgião Dentista e o Técnico de Prótese devem migrar da prótese convencional (CoCr), sua bagagem de conhecimento e conceitos para as termopláticas (poliamida e polipropileno), onde o resultado passa a ser previsível.

Uma característica básica das próteses removíveis é sua rigidez de estrutura quer seja metal ou plástico, sendo assim os conceitos do que acontece com as próteses é controlado pelo Dentista. Porém algumas características individuais do plástico devem ser entendido pelo Cirurgião e pelo Técnico, sua resistência ao desgaste é diferente, assim quando for ser executado ajustes e polimento a forma de pressão dos equipamentos são completamente diferente entre resina acrílica, material utilizado nas próteses convencionais e o plástico utilizado nas termoplátiscas. Outro fator, que acontece em ambas as próteses é o manchamento, pigmentação, perda de polimento e suas consequências visual, assim um retorno ao profissional para um novo polimento já resolveria parte deste inconveniente, outra coisa que deve ficar claro aos profissionais que esta mudança se deve geralmente ao pH da saliva do paciente e toda a medicação ingerida por ele, dependendo de desordens sistêmicas que podem interferir no grau de salivação e alterações de pH e ainda os componentes em função das químicas dos medicamentos.

O assentamento final da prótese termoplástica é semelhante à metálica, desde que devidamente preparado os elementos pilares da prótese (desgaste para receber o apoio oclusal ou de cíngulo e também a adequação do contorno do dente pilar) que irá receber a prótese termoplástica semelhante à metálica com a observância da colocação do dente artificial afastado para criar corpo do material plástico o que o torna rígido semelhante ao metal dos apoios, sendo detalhe de técnica para ser semelhante a metálica e termoplástica.

A propaganda divulgada pela mídia mostra uma prótese flexível o que não é o desejado, pois o conector sendo rígido, o profissional pode fazer os ajustes necessários para o correto assentamento baseado nos princípios biomecânicos de planejamento, a utilização da flexibilidade desta prótese somente deve ser utilizada em indicações precisas como no caso de algum tipo de Sindrome, ou abertura bucal reduzida, em cirurgias extensas que acabam por dar esta característica à cavidade oral do paciente permitindo assim a colocação destas próteses com esta “flexibilidade”.

Já em relação à indicação mais precisa deste tipo de prótese será a mesma da prótese convencional com algumas restrições de uso quando a terapêutica melhor será a convencional, como exemplo, nos casos de Próteses Totais onde o material resina acrílica ainda é o melhor material, pela possibilidade de reembasamento, que o acrílico permite e que as termoplásticas não, nos casos de classe II e III de Kennedy pura onde a busca pela retenção indireta leva componente numa região onde o resultado será passível de questionamento, da mesma forma que a classe IV onde deverá haver um consenso entre o usuário, técnico de prótese e Cirurgião Dentista pelo mesmo motivo anteriormente citado.

Nos outros casos, classe I, Classe II e III com modificação, pode ser indicada perfeitamente a prótese termoplástica.

Outro fator ainda muito pouco estudado são os retentores (grampos) que ainda não existe um consenso na literatura científica pertinente à forma e desenho, sendo a critério e gosto individual não se comparando com os metálicos. Os princípios devem ser os mesmos da prótese convencional aplicados ao dente pilar.

E por último, a maioria dos argumentos negativos a respeito deste tipo de prótese usam a reabsorção óssea como fator desfavorável e aqui cabe uma explicação muito simples, as duas próteses, convencional e termoplástica, são semelhantes em todos os aspectos, apoios evitando a intrusão da prótese sobre os tecidos adjacentes aos dentes, adequação do contorno dental adequando à condição das próteses, e rigidez dos conectores o que permite a adequada rotação e ativação dos retentores indiretos, a reabsorção poderá ser atingida se, o conector maior for flexível, senso assim, não existem trabalhos científicos sobre esta condição. Fora estas restrições o dente artificial e a sela são semelhantes em ambas, o que confere a semelhança de resultados, e a reabsorção óssea será fator natural de todo usuário de prótese removível (convencional ou termoplástica) ou total.

Para auxiliar os técnicos a retenção executada para a prótese acrílica deverá ser diferente nas termoplásticas com a confecção de uma canaleta mesio distal retentiva para evitar o deslocamento do dente no momento da injeção do material de confecção, pois como não será possível reembasamento, também não é possível fixar o dente com o material termoplástico sendo necessário o uso de resina acrílica (RAAQ) ou resina de cianocrilato (superbond), enquanto se planeja uma nova prótese. Muito tenho escutado que não conseguem fazer a canaleta, o que aconselho verificar a dimensão vertical e oclusão do paciente pois devem estar inadequada.

Com estas considerações, esperamos auxiliar a classe Odontológica e os pacientes no esclarecimento sobre este tipo de material da prótese removível.

Prof. Dr. Roberto Chaib Stegun

Professor do Departamento de Prótese

Vice-Coordenador do Programa Envelhecer Sorrindo.